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03 — 11 Out 2020
14h30 — 19h

GALERIAS MUNICIPAIS
PAVILHÃO BRANCO
NO JARDIM DO MUSEU DE LISBOA
AO CAMPO GRANDE

Exposição

Sala 1

Sala 2

Sala 3

Sala 4

Continuar a publicar! é o mote da presente exposição. Na sequência das anteriores edições da Feira Gráfica de Lisboa, então organizadas segundo outros parâmetros, mais conviviais e mostrando uma maior oferta de publicações, reúne-se aqui um significativo conjunto de objectos da cultura impressa, dados à estampa desde Novembro de 2019. Abarcando, portanto, o período pandémico com que nos vemos confrontados desde há vários meses, são apresentados nesta mostra livros, cartazes, fanzines, plaquetes, revistas (contra-)culturais, etc., concebidos por diversos autores, colectivos e projectos editoriais de pequena escala, maioritariamente sediados em Portugal, mesmo se contando com vozes doutros países. Mais que isso, celebra-se a criatividade que faz do obstáculo oportunidade, e do gesto tolhido representatividade e resistência, essa capacidade de actuação sobre o real que permanece activa através do recurso ao suporte papel – aqui tomado como meio de comunicação, como lugar onde se inscrevem determinadas marcas gráficas, diferentes mensagens estéticas, poéticas e/ou políticas. Os dois verbos que compõem o título – continuar e publicar –, quando juntos, supõem aliás duas tomadas de posição: a de não desistir e a de zelar por. A primeira associa-se de imediato aos múltiplos projectos que permanece(ra)m em laboração ora sob uma lógica relativamente artesanal ora no contexto da actual pandemia: acções criativas/editoriais (envolvendo linguagens, materiais, técnicas de impressão e alcances distintos), habitualmente ligadas a públicos e circuitos de distribuição restritos – o que naturalmente faz perigar a viabilidade económica e a permanência no tempo de muitas delas. A segunda traduz a abertura a outros universos mentais e visuais que não os do gosto massificado, massmediatizado. Num presente também caracterizado pela crescente imaterialidade dos textos e das imagens, pela perda das suas propriedades tácteis e objectuais na esfera digital, o que se dá a ver nas Galerias Municipais – Pavilhão Branco resulta, pois, de um esforço de selecção alicerçado numa específica dinâmica cultural: a que protagonizam todos aqueles, mais antigos ou neófitos, que, à sua maneira (mediante certas escolhas autorais, tipográficas e artísticas que os separam de outros agentes dos espaços da edição e da criação contemporânea), se batem pela valorização desse luxo lento que consiste em intervir no território do impresso, pelo alargamento dos horizontes de expectativas do(s) público(s), por outro modo – mais imaginativo, arriscado ou acutilante – de publicar.